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depoimentos

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"Agradecemos ao amigo Dauá Puri por nos permitir fazer parte deste projeto promissor, denominado Museu da Cultura Puri, ao qual participamos de sua elaboração desde a projeção perante a Secretária de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro, até sua execução que findou após diversos dias de muitas trocas de conhecimentos e alegrias.
O Museu da Cultura Puri (MCP), é um projeto que pretende atender à demanda de resgate da arte, linguagem e tradição dos povos originários Puris. Para isso participamos de uma imersão no acervo adquirido e manufaturado por Dauá Puri, através dele foi possível inventariar e selecionar todo o conteúdo que seria exposto nesta exposição permanente.
Em posse desses artefatos coletados, foi possível determinar toda a proposta estética do museu, desde o design do site institucional, até as cores, fontes e materiais selecionados para tal execução.
Nós da produtora Casages desejamos todo o sucesso possível ao MCP. Viva o povo Puri!"

Leonardo Espírito Santo e Blenda Mello

"MUSEU PURI É SER VIVO. TEM ALIMENTO DO CÉU E CONVERSA DE TERRA

Cheguei uns minutinhos antes do combinado. 

Considerando o trânsito do Rio de Janeiro e as cores de primeira-vez-aonde-se-vai, até que fui esperto. Sou daqui dos morros mineiros, onde se encontram muitos puri que gostam de companhia para caminhar e que fazem bom planejamento por desconfiar que a rota pode trazer surpresas. Por isso, naquela primeira vez visitando o Museu da Cultura Puri, situado na Aldeia Vertical da Estácio, levei Gustavo e liguei o GPS.

Chegando antes, surpreendi Dauá com seu cachimbo de boas vindas. Dauá então nos sorriu com os olhos, continuou cachimbando e nos pediu para ir colocando os olhos nas coisas, que as coisas “eram aquilo mesmo”, dispostas na simplicidade da pequena sala, mas com o tamanho dos maiores museus nas suas entrelinhas.

Os olhos no acervo dentro da pequena sala eram logo provocados pelos tons de verde vindos das janelas, que davam contorno natural às peças, ampliando os seus significados. O acervo tem artesania, poesia e fotografia e, ao me demorar sobre algumas fotos nas paredes, redescobri o que já sabia: os museus podem ser muito mais que a poeira dos mortos. De repente, encontrei nas fotos a presença de Dauá na minha terra e reconheci nosso espaço cultural aqui em Juiz de Fora (MG). Para quem me acusar de “vaidade puri”, nem ligo. É muito importante que a gente tenha essas oportunidades de se sentir memória viva. 

O acervo também tem uma pequena biblioteca, tem presentes de outras etnias, e tem a língua puri narrando histórias com a importância dos sorrisos e das desconfianças. Isso mesmo. Desconfianças. Puri não entrega tudo e nem confia fácil. Não é no Museu Puri que ia ser diferente. 

A porta bateu e era alimento. Niara do Sol ofereceu panqueca de ora-pro-nóbis e lições de saúde ancestral. Dauá, Gustavo e eu partilhamos a oferta da ilustrada parente e em seguida partimos para outra rica experiência: conhecer o cultivo de plantas medicinais do espaço, cuidadosamente selecionadas no trabalho curador e curativo de Niara.

Aquela curadoria verde é realmente surpreendente e nos emociona. O jardim é abundante e redimensiona a percepção do ambiente na medida em que confronta nossa experiência diante do concreto urbano carioca. É um compartilhamento vivo de um episteme ancestral. É sobre simbologia nativa, cultura e memória. É sobre outras formas de lidar com o mundo. Algo que não encontrei no Louvre, no D’Orsay, no Prado, nem no Reina Sofia. Um trabalho feito com mãos habilidosas a céu aberto e que se atualiza no work in progress da própria vida, obra que não encontrei no Malba, no Masp e em nenhum outro museu moderno ou contemporâneo do mundo.

Saí de lá com uma grande vontade de que o MCP seja conhecido, valorizado, legitimado e respeitado. Saí de lá me sentindo vivo. Alimentado pelo céu e conversado com a terra.

Vida longa ao Museu da Cultura Puri."

 

Felipe Moratori Puri

Juiz de Fora, 15/04/2024

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©2024 por Museu da Cultura Puri. 

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